Invasão da Polônia

16 de out. de 2009 0 comentários
As forças de Hitler conquistaram a Polônia em dezoito dias. A Europa não presenciava uma guerra relâmpago desse tipo desde que Napoleão derrotara a Prússia em Iena. De um ponto de vista puramente profissional os soldados alemães realizaram um feito melhor ainda do que os dos seus ancestrais em 1866 e 1870; o famoso Plano Schlieffen não conseguira vencer a Primeira Guerra Mundial em 1914 e merecer o seu título de nova Canas. Agora o General von Brauchitsch realmente apresentava um cerco duplo que merecia esse nome.

Foi uma estratégia bastante favorecida pelas disposições polonesas.

O Marechal Rydz Smigly, compreensivelmente, queria proteger as áreas industriais da Polônia, e para isso deslocou a maior parte de suas forças ao longo da fronteira de 1 700 milhas. Isso significava que ele não estava particularmente forte num determinado setor. Não foi o moral polonês que fracassou.

Os poloneses simplesmente não eram suficientemente fortes. O General Ironside havia ficado impressionado quando, pouco antes do início da guerra, testemunhou "um exercício de ataque de uma divisão sob condições de barragem viva, não sem baixas" - o que certamente não era o tipo de manobra praticada pelo exército britânico em 1939.

Mas o patriotismo e o élan simplesmente não eram suficientes: os alemães preparados para atacar a partir da Prússia Oriental, da Pomerânia, da Silésia e da Eslováquia, eram numericamente superiores aos poloneses em todos os setores, excetuando-se apenas a cavalaria montada.




A frota alemã dominava o Báltico com a mesma eficiência com que a Luftwaffe iria dominar os céus. A Prússia Oriental, apesar do Corredor Polonês, não estava realmente separada do Reich. Contra nove divisões blindadas, os poloneses podiam colocar apenas uma dúzia de brigadas de cavalaria e um punhado de tanques leves.

Mesmo se o moral polonês tivesse sido mais elevado do que o alemão, o que não aconteceu, a simples força numérica teria invertido o equilíbrio. Mas não foram apenas as considerações físicas que tornaram a vitória alemã uma conclusão inevitável. Eles tinham um enfoque bélico totalmente novo.

Os poloneses lutavam de acordo com as regras de 1918, mas os alemães haviam introduzido um conjunto novo de regras. Este novo conceito era a Blitzkrieg, que poderia ser resumida como surpresa, velocidade e Schrecklichkeit (pavor). A surpresa foi conseguida parcialmente através da Quinta-Coluna - havia 2 milhões de alemães vivendo na Polônia - e em parte pelo simples estratagema de atacar sem uma declaração de guerra.

A nova combinação tática de veículos blindados com o apoio de bombardeiros de mergulho, ao invés da artilharia convencional, foi outra surpresa. Schrecklichkeit era uma questão de política deliberada. O bombardeio de cidades e aldeias colocou toda a população em movimento.

Nas estradas, ela atrapalhava os movimentos de todas as reservas de que os poloneses pudessem dispor. Na madrugada do dia 1.° de setembro, os alemães deram início à invasão. Dois dias depois, a força aérea polonesa havia deixado de existir, na sua maior parte destruída antes de levantar vôo.



Uma semana mais tarde, os alemães se encontravam nos arredores de Varsóvia, e o exército defensor já havia sido dividido em diversos grupos. Os poloneses lutaram acirradamente e não deixaram de obter alguns sucessos táticos. Já no dia 5 de setembro, a corporação de Guderian recebeu uma visita surpresa de Hitler, que viera junto com o avanço anterior.

Vendo um regimento polonês de artilharia destroçado, Hitler indagou: "Foram nossos bombardeiros de mergulho que fizeram isso?" "Não, foram nossos tanques", respondeu Guderian. Hitler ficou espantado ao ser informado de que a Batalha do Corredor Polonês custara às quatro divisões de Guderian apenas 150 baixas e setecentos soldados feridos. O ditador ficou atônito. Durante a Primeira Guerra Mundial, seu regimento sofrera 2 000 baixas no primeiro dia de ação.

Guderian explicou que, mesmo contra um inimigo corajoso e resistente, os tanques representavam uma arma capaz de poupar muitas vidas. E a resistência não era grande em todos os lugares. O Tenente Barão von Bogenhardt descreve da seguinte maneira o avanço do 6.° Regimento Motorizado da Eslováquia: "Praticamente não houve resistência. . . . Houve uma certa quantidade de lutas esporádicas quando chegamos às barreiras fluviais, mas a Luftwaffe já tinha aberto o caminho para nós.

Os seus bombardeiros de mergulho Stuka eram mortalmente precisos e, como não havia oposição, faziam o que queriam. As estradas e os campos estavam repletos de camponeses infelizes que haviam abandonado em pânico suas aldeias quando começaram os bombardeios, e nós passamos por centenas de tropas polonesas caminhando desanimadamente em direção à Eslováquia . . . Havia tantos prisioneiros, que ninguém se preocupava em vigiá-los ou em dizer lhes para onde deveriam ir".

O General Tadeusz Kutrzeba, cujas forças em Poznan haviam sido deixadas de lado, atraiu tropas de Torun e de Lodz e corajosamente desferiu um contra-ataque em direção a Varsóvia com doze divisões.

Os alemães reagiram violentamente e no dia 19 a Batalha de Bzura havia terminado. Mesmo assim, esse foi um esforço de muita valentia. Nesse meio tempo, a Batalha de Vístula estava sendo travada. Lvov caiu no dia 22 e no dia 17 as duas pinças alemãs se fecharam nas imediações de Brest-Litovsk. Os russos haviam cruzado a fronteira oriental no dia 17, conquistando Vilnyus no dia seguinte.

O governo polonês foi obrigado a fugir para a Romênia. Varsóvia resistiu até o dia 27 e a fortaleza de Modlin até o dia 28. Na frente ocidental, os exércitos da Alemanha e dos Aliados ficaram imóveis, observandose mutuamente.

Os poloneses esperavam, com toda a razão, que os seus aliados demonstrassem algum sinal de vida, mas isso não chegou a acontecer.

Afinal de contas, tendo gasto uma quantia considerável de dinheiro na construção da Linha Maginot, os franceses não estavam muito interessados na idéia de deixá-la para trás. Os vencedores não perderam tempo em organizar a quinta partilha da Polônia. No dia 28 de setembro,

Ribbentrop e Molotov se encontraram para fazer uma revisão do Pacto de Moscou. Os russos anexaram 123 000 quilômetros quadrados de território polonês, com a maior parte dos campos de petróleo do país e uma população de 13 milhôes de habitantes. O restante do país, com 117 000 quilômetros quadrados, uma população de 20 milhões de pessoas e a maior parte das áreas industriais, passou para a "proteção" do Reich.

Até o final do ano, os conquistadores haviam executado um total de 18 000 poloneses por "ofensas" de um ou de outro tipo. Mas os poloneses ainda não haviam disparado os seus últimos cartuchos nessa guerra. O desastre não conseguiu dobrar o seu espírito, da mesma forma que não o conseguira nos tempos de Dombrowski. Por ocasião da capitulação de Varsóvia, um general polonês fez uma observação a Von Manstein que pode ser traduzida da seguinte maneira: "Uma roda sempre executa um giro completo".

0 comentários: